domingo, 6 de setembro de 2009

O Poeta #3

Lágrimas de um poeta

A casa onde eu nasci
Ronda um sol dourado
Onde dei os primeiros passos
Tenho-lhe um amor sagrado.

Tenho-lhe um amor sagrado
Que não posso esquecer
Quando eu fazia uma asneira
E o eu Pai atrás de mim a correr.

O Pai atrás de mim a correr
A Mãe vinha para o acalmar
Fui sempre muito maroto
Só gostava de brincar.

Só gostava de brincar
Era eu e o meu irmão
Só fazíamos malandrices
Era essa a nossa paixão.

Junto à Quinta da Tapada
Havia lá uma pedreira
Estava cheia de silvas
Nós fizemos uma asneira.

Éramos dois brincalhões
Começámos a planear
Vamos lhe chegar o fogo
Para as cobras queimar.

Não havia outra alternativa
O mal já tinha de acontecer
Eram enormes labaredas
E nós lá nos fomos esconder.

Os bombeiros de Lousada
Lá vieram para apagar
Ardeu o ninho das cobras
Depois fomos espreitar.

Assim terminou o medo
Que as cobras nos causavam
Os segredos entre irmãos
Nunca foram revelados.


Nunca foram revelados
Para não causar sarilhos
São revelados agora
Só para matar saudades
Dos nossos tempos antigos.

Saudades dos nossos tempos antigos
Da casa onde nasci e cresci
E também levo saudades
Da casa onde sonhei e vivi.

(in Lágrimas de um Poeta)